quarta-feira, 5 de junho de 2013

Apreciação crítica - trabalho de um aluno

Artigo de apreciação crítica de A Metamorfose

Gregor Samsa, um caixeiro-viajante, acorda, de manhã, transformado num gigantesco inseto. Não sabe como nem porquê. Aliás, nem sequer reflete muito acerca da sua transformação, resigna-se desde o primeiro instante em que, por capricho do destino, descobre que se havia transformado num ser com “inúmeras patas”. Só sabe que tinha de se levantar da cama (deveras difícil para ele) para ir trabalhar (não era habitual faltar ao dever), já que era o sutento de uma família constituída por si, por sua mãe, seu pai e sua irmã. Porém, a partir do momento em que os seus familiares constatam a sua mudança, Samsa passa a ser renegado por todos, inclusivamente pela irmã, Greta, que sempre o ajudara e apoiara nos tempos mais conturbados. Gregor, cada vez mais inseto (já não fala como humano), deixa, então, de ser um sustento, passando a ser um grande fardo para a sua família, ao qual repugna. Portanto, afastado pelos que lhe eram mais próximos, Samsa vive em reclusão no seu quarto até à morte.
            Uma das marcas mais preocupantes desta obra é, seguramente, a primeira frase: “Uma manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto”. De facto, Kafka, o autor, prima por ser muito direto (o mesmo se constata nas primeiras páginas de O Processo), nunca enjeitando a possibilidade de, no princípio dos textos, resumir o ocorrido que dá início ao tema. Mais uma vez, o escritor trata o seu assunto predileto, que surge em quase todos os seus livros: o desespero do Homem face ao absurdo do mundo que, neste caso, ultrapassa o surrealismo.
            No entanto, o pormenor que mais me surpreendeu foi a reação (ou falta dela) de Samsa face à sua transformação. Como já referi previamente, a personagem principal não se revolta contra o sucedido. Não, resigna-se, quase nem medita sobre o assunto. O comportamento dos seus familiares também é surpreendente, pelos motivos errados, já que, para além de não o ajudarem a ultrapassar o problema, ainda o hostilizam, renegam-no, principalmente o seu pai (possivelmente Kafka baseou-se na figura paterna, com quem nunca teve uma relação muito afável).
            Independentemente de tudo, este livro, uma das obras-primas da literatura alemã do século XX, é perfeitamente aconselhável e interessante, pois possui uma linguagem acessível, não é muito longo e trata de um tema, bem ao estilo kafkiano, que é original e prende a atenção do leitor do princípio ao fim da história.


Fernando Martinho nº13 10ºD


Sem comentários:

Enviar um comentário