Artigo de apreciação crítica de A Metamorfose

Uma das marcas mais preocupantes
desta obra é, seguramente, a primeira frase: “Uma manhã, ao despertar de sonhos
inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco
inseto”. De facto, Kafka, o autor, prima por ser muito direto (o mesmo se
constata nas primeiras páginas de O
Processo), nunca enjeitando a possibilidade de, no princípio dos textos,
resumir o ocorrido que dá início ao tema. Mais uma vez, o escritor trata o seu
assunto predileto, que surge em quase todos os seus livros: o desespero do
Homem face ao absurdo do mundo que, neste caso, ultrapassa o surrealismo.
No entanto, o pormenor que mais me
surpreendeu foi a reação (ou falta dela) de Samsa face à sua transformação.
Como já referi previamente, a personagem principal não se revolta contra o
sucedido. Não, resigna-se, quase nem medita sobre o assunto. O comportamento
dos seus familiares também é surpreendente, pelos motivos errados, já que, para
além de não o ajudarem a ultrapassar o problema, ainda o hostilizam,
renegam-no, principalmente o seu pai (possivelmente Kafka baseou-se na figura
paterna, com quem nunca teve uma relação muito afável).
Independentemente
de tudo, este livro, uma das obras-primas da literatura alemã do século XX, é
perfeitamente aconselhável e interessante, pois possui uma linguagem acessível,
não é muito longo e trata de um tema, bem ao estilo kafkiano, que é original e
prende a atenção do leitor do princípio ao fim da história.
Fernando Martinho nº13 10ºD
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