Na Semana da Leitura, no dia 14 de março, a professora bibliotecária e
escritora Conceição Tomé esteve no nosso Agrupamento onde realizou duas sessões
de encontro com os alunos. Deixamos aqui a entrevista que nos deu no final da
sessão realizada na EBFL.
Mara - Na
sua infância já gostava de ler e de escrever?
Conceição
Tomé - Sim, desde a infância que eu gosto muito de ler e de escrever. Talvez
goste mais de ler do que de escrever, mas não sei bem… gosto muito de ambas as
coisas.
Mara - O que
a inspirou a escrever o livro “ O Caderno do avô Heinrich"?
Conceição
Tomé - O que me
levou a escrever “ O Caderno do avô
Heinrich" foi um texto que
encontrei no 2º Volume da Grande Crónica da Segunda Guerra Mundial das Seleções
Reader's Digest. A imagem descrita pelo historiador que relatava a evacuação do
orfanato de Varsóvia foi o ponto de partida para esta história.
Mara - Porque é que escolheu o tema da Segunda
Guerra Mundial?
Conceição
Tomé - Como o livro surgiu a partir
dessa imagem da evacuação do orfanato, naturalmente sendo este um acontecimento
da segunda guerra Mundial, o livro todo fala sobre essa época triste da nossa
história.
Mara - Teve que fazer algumas pesquisas para
escrever o livro?
Conceição
Tomé - A partir dessa imagem da
evacuação do orfanato eu tive necessidade de perceber o que se passava no gueto
de Varsóvia nessa altura, portanto fiz algumas pesquisas, fiz algumas leitura,
uma vez que o livro é baseado em factos verídicos tive que me documentar,
naturalmente.
Mara - Qual o momento da história que mais gostou
de escrever?
Conceição
Tomé - Eu gostei de escrever todo o
livro, apesar de algumas partes terem sido dolorosas para mim. Eu gostei de
escrever toda a história.
Mara - Escreveu
primeiro o livro à mão ou ao computador?
Eu escrevi o
livro diretamente no computador.
Mara - Como
se sentiu quando soube que tinha ganho o prémio Maria Rosa Colaço?
Conceição
Tomé - Muito feliz! Para além de ser um prémio muito reconhecido a nível
nacional na área da literatura infantil e juvenil, o júri era composto por
pessoas de elevado mérito e, portanto ver o meu trabalho reconhecido foi muito,
muito gratificante. Foi um dia muito feliz para mim!
Mara - Como
se sentiu quando o viu o seu livro publicado?
Conceição
Tomé - Quando o
livro foi publicado, senti também uma alegria muito grande porque a partir
desse momento eu podia partilhá-lo com os leitores e isso é muito importante
para mim. Aliás partilhá-lo com os leitores é para mim motivo de alegria muito
maior do que ter ganho o prémio literário.
Mara - Gosta
de ler? E que género de livros?
Conceição
Tomé - Gosto muito de ler. Eu gosto de ler romances, livros de viagens,
livros policiais, livros de poesia…
Mara - Essas
leituras servem de inspiração para escrever um novo livro?
Conceição
Tomé - Às vezes as
histórias surgem assim de leituras que fazemos, de notícias que ouvimos de
coisas que vemos na rua e, portanto, quando nós escrevemos convocamos todas
essas coisas que nós vivemos.
Mara - O que
é que a motiva para a escrita?
Conceição
Tomé - No caso
concreto deste livro, a partir de uma certa altura, foi a vontade de contribuir
também para a memória da humanidade, ou seja em primeiro lugar contar uma
história e deixar nela algumas das coisas em que acredito profundamente,
nomeadamente a leitura, a solidariedade, a amizade, o poder dos livros e da
literatura.
Mara - De
onde lhe vem a inspiração para criar as histórias e as personagens?
Conceição
Tomé - Como eu
disse há pouco, a inspiração vem da leitura que faço, de imagens que vejo, de
cenas a que assisto na rua… tudo isso pode ser motivo para inventar uma
história.
Mara - Das
três obras que já publicou qual é a sua preferida?
Conceição
Tomé - Eu gosto de
todas as obras que publiquei. Não tenho nenhuma preferida.
Mara - Porque
decidiu escrever histórias para crianças e jovens?
Conceição
Tomé - As primeiras
histórias que escrevi, escrevi-as para os meus filhos quando eram mais
pequenos. Foi a pensar neles. O caderno
do avô Heinrich escrevi-o assim de um fôlego, porque a história quase que veio
ao meu encontro, mas também pensei nos meus filhos, é evidente. Pensei ainda, tal
como o avô Heinrich, deixar escritas para os meus filhos um conjunto de coisas
em que eu acredito.
Mara - Como
se sente quando termina e publica um livro?
Conceição
Tomé - Sinto-me
muito contente sobretudo com este último livro O caderno do avô Heinrich que foi publicado por uma grande editora
que é a Editorial Presença e, deste modo, pode chegar a muitos leitores. Isso é
muito importante para mim partilhar o livro com os leitores.
Mara - Está
a escrever algum livro? Pode dizer-nos qual?
Conceição
Tomé - Não, neste
momento estou só a recolher algumas ideias mas não chegam ainda a ser escrita
de um livro.
Mara - Que
conselho daria a alguém que deseje vir a ser escritor?
Conceição
Tomé - O conselho
que eu daria a alguém que deseje ser escrito, em primeiro lugar é ler muito e
em segundo é ir escrevendo para ir aperfeiçoando as técnicas de escrita.
Mara - O que é que achou da nossa
escola e dos nossos alunos?
Conceição
Tomé - Gostei muito
de estar nesta escola. Gostei muito de ter conhecido todos os alunos que aqui
estiveram presentes. Achei que os alunos eram muito interessados e empenhados,
para além de serem todos muito simpáticos. Eu não vou esquecer a tarde que
passei nesta escola!
Mara - Qual
a mensagem que quer deixar aos nossos alunos?
Conceição
Tomé - Quero deixar
uma mensagem de esperança, que acreditem que o mundo pode ser melhor, mas
também uma mensagem de compromisso, esse mundo melhor constrói-se com os nossos
gestos de todos os dias. Vocês podem fazer todos os dias o mundo ser melhor ao
respeitarem profundamente todos os colegas, lendo muito para serem mais cultos
e mais sábios e sendo pessoas cada vez mais humanas.
Mara - Muito
obrigada pela entrevista.
Conceição Tomé - Obrigada eu.
Esta entrevista foi
preparada pelos alunos do 6º A, na aula de Português. Foi feita à escritora, no
fim da sessão, pela Mara e gravada digitalmente. Foi transcrita pela professora
bibliotecária, Isilda Menezes, e pela Assistente Operacional, Elisabete
Ferreira.
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